Belostoma anurum (Herrich-Schäffer, 1848)
Localidade-tipo: Bahia, Brasil
Distribuição e hábitat: Argentina: Buenos Aires, Catamarca, Chaco, Corrientes, Entre Ríos, Salta; Brasil: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo; Chile; Colômbia: Cundinamarca; Equador: Guayas; Guiana Francesa: Cayenne; Granada; Pequenas Antilhas: Martinica; Paraguai: Alto Paraguay; St. Vincent & Grenadines: St. Vincent; Uruguai: Montevideo.
SAIBA MAIS SOBRE A ESPÉCIE:
Descrição
Coloração geral castanha. Corpo elíptico. Comprimento do anteóculo 1,07 – 1,31 vezes o comprimento do interóculo. Comprimento do segundo segmento do rostro (primeiro visível) 1,28 – 1,53 vezes o comprimento do terceiro segmento (segundo visível). Comprimento da SFA frequentemente igual ou maior do que o comprimento da SFP. Clípeo não atingindo a linha ocular (0,07 – 0,29 mm). Vértice sem carena longitudinal mediana. Largura interocular posterior 1,00 – 1,13 vezes o comprimento do anteóculo, e 1,36 – 1,73 vezes a largura de um olho. Olhos arredondados. Pronoto sem pilosidade conspícua e sem carena longitudinal mediana; razão largura máxima – comprimento do pronoto 1,70 – 1,89. Escutelo atingindo a linha nodal; carena longitudinal mediana pouco desenvolvida na porção posterior do escutelo. Carena prosternal pouco proeminente, com o ápice arredondado e um pouco projetado anteriormente. Pilosidade não se estendendo até o opérculo genital, cobrindo freqüentemente a metade do conectivo. Falo simétrico. Braços dorsais convergentes e afilados em seus ápices. Protuberância caudal dorsal pouco desenvolvida em vistas dorsal e lateral; protuberância apicoventral pouco desenvolvida em vistas lateral e ventral; margens externas laterocaudais pouco convexas, com algumas sinuosidades, em vista ventral; relação largura – comprimento do divertículo ventral, em vista ventral, igual a dois.
Dimensões em mm (macho/fêmea):
Comprimento total do corpo: 29,4–35,2 / 30,0–33,0; largura máxima do corpo: 12,9–15,0 / 12,9–13,5; comprimento do pronoto em sua porção mediana: 5,29–5,71 / 5,07–5,64; largura do pronoto: 9,14–10,43 / 9,43–9,68; relação largura – comprimento do divertículo ventral, em vista ventral, igual a dois.
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Comentários:
O conceito de B. anurum dado por RIBEIRO (2007) é confuso. As ilustrações fornecidas pelo autor diferem daquelas de LAUCK (1962), às quais foram baseadas no neótipo do sexo masculino ocorrente na América do Sul, sem localidade mais precisa. A genitália masculina de alguns espécimes de B. ellipticum ocorrentes em Guadalupe, depositados no MNHN, também confirmam que esses insetos podem ser, na verdade, espécimes de B. anurum de Lauck. Esses espécimes foram identificados por A. L. Montandon. As diferenças realçadas entre B. anurum, B. columbiae e B. ellipticum na chave de HECKMAN (2011), que dizem respeito às dimensões da cabeça, não devem ser levadas em consideração.
O que diz a literatura?
Muitos espécimes são freqüentemente capturados próximos à margem de poças, associados geralmente às raízes de aguapé ou de gramíneas (PEREIRA, 1992). Baseado em coletas realizadas em Maricá, Rio de Janeiro, tem-se demonstrado a existência abundante de espécimes em corpos d’água com maior concentração de macrófitas, enquanto em ambientes muito abertos, freqüentemente só com gramíneas de pequeno porte, é baixa a freqüência dessa espécie (RIBEIRO et al., 1998). Segundo PEREIRA & MELO (1998), a alimentação pode influenciar no comprimento atingido pelos adultos dessa espécie. Espécimes criados em laboratório e alimentados com os moluscos Pomacea haustrum Reeve, 1856 e uma espécie de Physa Draparnaud, 1805 mostraram maior comprimento médio, além de um ótimo desempenho (considerando taxa de mortalidade, duração do estádio ninfal e sincronismo do desenvolvimento pós-embrionário). Apesar disso, B. anurum parece ter preferência por larvas de mosquito — e.g., Culex quinquefasciatus (Say, 1823) — o que provavelmente é explicado pelo seu comportamento de predador de “tocaia” e a maior mobilidade dessas presas na coluna d’água. Duas fases, significativamente distintas de predação, ocorrem no ciclo de vida de B. anurum: uma maior, correspondente à maturação sexual do inseto, e uma segunda, menos efetiva (PEREIRA et al., 1993). Essa espécie tem sido alvo de estudos relativos aos efeitos gerados por sua saliva, que apresenta atividade proteolítica e hemolítica (PEREIRA, 1992). Baseados nestes estudos, é sugerido que a formação de um complexo ácido-base (heparina-saliva) pode prevenir os efeitos tóxicos da saliva, semelhantemente ao que ocorre em cobras, vespas e abelhas (DAN et al., 1993).